Porque o preconceito?
Esta semana, o jornalista Leonardo Sakamoto escreveu em seu blog sobre o preconceito sofrido por portadores do vírus HIV. O blogueiro ressaltou que mesmo existindo medidas legais que protejam os soropositivos da discriminação na admissão de um emprego, na prática tais medidas não são eficazes. Leia o artigo na íntegra.
Na semana passada foram divulgadas, duas notícias referentes a este desrespeito. Denunciada pela ABGLT, o edital para admissão do curso de Formação de Soldados da Polícia Militar do Estado do Pará exigia o teste de HIV aos candidatos, alegando que “... há justificativas técnicas razoáveis da área médica, que demonstram a incompatibilidade do exercício do cargo militar pelo paciente soropositivo...”. Leia a notícia na íntegra. Entretanto, a “incompatibilidade do exercício do cargo militar, por justificativas técnicas”, não são sustentadas após uma rigorosa análise do processo de avaliação.
Sejamos francos; o que impede o portador do vírus HIV de trabalhar? Quais são as incompatibilidades técnicas que impedem o soropositivo de atuar como PM? A meu ver, isto tem outro nome, chama-se: PRÉ-CONCEITO! É preciso parar de enxergar o HIV como um “bicho de sete cabeças”. A AIDS ainda é uma doença sem cura, mas possui tratamento, e por sinal, um tratamento bastante eficaz.
O que mais me espanta, é ver a falta de informação e tamanha ignorância das pessoas! É inacreditável e lamentável constatar que, mesmo com tantas campanhas realizadas pelo ministério da saúde e com tantas informações elucidadas, ainda existam pessoas que acreditam que o contato social possa levar ao contágio do HIV. A medicina, os fármacos, a ciência evoluíram. Já as pessoas, aparentam retroceder.
Não é preciso ser perito no assunto, para ter plena certeza que o HIV não se transmite pelo contato social. Basta lembrar que, pessoas HIV positivo estão por toda parte, e se este tipo de contato fosse uma forma de transmissão, provavelmente o número de infectados seria extremamente maior. É simples, não tem mistério – HIV só se transmite pelo contato sexual desprotegido e por partilha de agulhas infectadas.
Como foi lembrado por Sakamoto, afim de não serem enquadrados como preconceituosos muitos empregadores usam justificativas esfarrapadas ao barrarem a contratação de alguém devido a sua condição sorológica. A mais clichê seria: “Eu não tenho preconceito, até tenho um amigo com AIDS”.
Arrisco dizer que outro possível motivo para evitar a contratação do funcionário soropositivo é a questão financeira. Pressuponho que para o empregador, ter um funcionário soropositivo é sinônimo de prejuízo devido à necessidade do funcionário em faltar por motivos de consultas e exames frequentes requeridos pelo controle médico. Contudo, devemos lembrar que estes horários podem ser flexíveis, e que todos nós somos seres humanos e estamos sujeitos a diversos problemas de saúde, portanto estas necessidades não se restringem aos soropositivos, tornando ESTÚPIDA a ideia de privar QUALQUER trabalhador de exercer sua profissão por este motivo.
Como disse o blogueiro: “Sei que é batido, mas nunca é demais lembrar: o pior sintoma do HIV ainda é o preconceito”.