Nova pesquisa de cura do HIV foi lançada hoje na Conferência Internacional de aids
Um novo estudo foi lançado ontem na Aids 2012 confirmando que pacientes tratados precocemente e então retirados da terapia com antirretrovirais (TARV) não mostraram sinais de um reaparecimento da infecção pelo HIV.
Existe um grupo exclusivo de pacientes na França que se infectaram pelo HIV, começaram o tratamento precocemente e foram capazes de parar a terapia com sucesso sem ter um ressurgimento de sua infecção pelo HIV (o "Cohort Visconti"). O estudo confirma os benefícios de tratar o HIV desde os primeiros estágios de infecção.
"Seis anos após a interrupção do tratamento, os pacientes tratados no início do período de pós-infecção apresentaram a capacidade perfeita para controlar a infecção do HIV. Os pacientes ANRS EP47 corte VISCONTI possuem um reservatório extremamente baixo de células HIV no sangue, em um nível semelhante aos pacientes que têm o vírus controlado.
“Esses resultados sugerem que o TARV deveria começar logo após a infecção”, disse Charline Bacchus, pesquisadora líder do estudo feito pela Agência Nacional Francesa para Pesquisa em Aids e Hepatites Virais (ANRS na sigla em inglês). Há um estoque imensamente valioso de conhecimento a ser obtido da análise das características imunológicas dos participantes. E o grupo de pacientes do Visconti é uma das principais razões científicas por trás do otimismo renovado na busca por uma cura do HIV.
Outro estudo foi apresentado na quinta-feira na Aids 2012, de autoria de Daniel Kuritzes. Foi estudada a persistência do HIV em dois homens infectados submetidos a um transplante de células-tronco para tratamento de linfoma. Ambos os pacientes estavam infectados há muitos anos e estavam em um tratamento com antirretrovirais que havia suprimido completamente a replicação do HIV, mas continuavam tendo o vírus latentes nos seus linfócitos circulantes do transplante. Os pacientes receberam uma forma mais branda de quimioterapia antes do transplante, o que permitiu que eles continuassem com a medicação para o HIV mesmo no período do transplante. Embora o HIV fosse detectável nas suas células imediatamente depois do transplante, ao longo do tempo as células transplantadas substituíram os linfócitos dos pacientes.
Como isto ocorreu, a quantidade de DNA do HIV detectável em células de sangue dos pacientes diminuiu e se tornou indetectável. Um paciente está sendo acompanhado após quase dois anos de seu transplante e o outro por três anos e meio. “Nenhum rastro do vírus foi encontrado no plasma dos pacientes e nem fomos capazes de recuperar a partir de vírus dos pacientes por um método de cultura sensível. Além disso, observamos uma diminuição significativa nos níveis de anticorpos anti-HIV (testes realizados pelo Dr. Michael Busch em San Francisco), fornecendo evidências adicionais para a falta de exposição contínua aos antígenos do HIV”, disse o pesquisador.
Diferentemente do “Paciente de Berlim”, que recebeu células que eram intrinsecamente resistentes à infecção pelo HIV porque não tinham um receptor-chave de HIV (o CCR5), as células desses pacientes receberam o CCR5+. “Acreditamos que a administração contínua da terapia antirretroviral eficaz protegeu as células doadoras da infecção pelo HIV à medida que eliminaram e substituíram as células imunitárias dos pacientes, efetivamente limpando o vírus a partir dos linfócitos de sangue. Amostras de tecido e mais análises são necessárias para avaliar completamente a extensão da redução do reservatório do HIV-1 após o transplante alogénico de células-tronco.
Resultados de um estudo liderado por David Margolis na Universidade da Carolina do Norte também foram publicados esta semana na Nature. Margolis e seu time mostraram que uma dose de uma droga que inibe uma enzima envolvida no adormecimento do HIV leva à rápida produção de RNA do HIV nas células células infectadas latentes do paciente. Isso poderia fazer tais reservatórios virais, anteriormente inacessíveis, suscetíveis às estratégias de curativos. Por exemplo, em combinação com tratamentos que aumentam o sistema imunológico da pessoa, “acordar” o vírus latente pode permitir uma “folga” da infecção. Semana passada a Estratégia Científica Global Inaugural Em busca da cura do HIV foi lançada em meio a um otimismo renovado dos cientistas líderes mundiais em HIV/Aids, que acreditam que as perspectivas de encontrar uma cura para o HIV estão aumentando.
Nos últimos 2 anos a Sociedade Internacional de Aids (IAS na sigla em inglês) reuniu um grupo de especialistas intelectuais para desenvolver um roteiro de investigação em busca da cura do HIV. Publicado online de maneira reduzida na semana passada na Nature Reviews Immunology, o Em Busca da Cura do HIV identifica sete importantes áreas prioritárias para pesquisa básica, translacional (??) e clínica e traça um caminho para a colaboração na investigação oportunidades de financiamento no futuro.
“A estratégia é resultado de um esforço colaborativo que produziu um guia que vai levar a pesquisa para a cura do HIV para frente”, disse Françoise Barré-Sinoussi, uma das descobridoras do HIV. Barré-Sinoussi, junto com o professor Steven Deeks, da Universidade da California, en São Francisco, é uma das participantes do grupo de 34 cientistas e clínicos para o HIV que desenvolveram a Estratégia Científica Global. “A ciência vem nos falando há algum tempo que alcançar a cura para o HIV poderia ser uma possibilidade realista. O tempo é certo para pegar a oportunidade e tentar desenvolver uma cura para o HIV”, concluiu Barré-Sinoussi na Conferência.
Redação Agência de Notícias da Aids
A Agência de Notícias da Aids faz a cobertura da Conferência Internacional de Aids em Washington em parceria com o portal UOL, Rede Cultura, Rádio Estadão/ESPN, Voz da América e Rede de Comunicação Oboré.
Esta cobertura tem apoio da Anglo American, Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa do Brasil), laboratório MSD e Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Durante o evento, está também sendo produzido um documentário sobre o trabalho das ONGs internacionais com apoio da mineradora Anglo American e do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Fonte: Agência de Notícias da AIDS