Mulheres que vivem com HIV exigem melhorias do tratamento da aids para o gênero

26/09/2012 00:02

Dois documentos foram entregues aos representantes do governo federal e do estado de São Paulo pedindo mudanças no enfrentamento da epidemia de aids para o gênero. A entrega foi feita durante o último dia da oficina da região sudeste dos projetos “Saber para Reagir do Estado de São Paulo” e “Saber para Reagir em Língua Portuguesa”, em que 17 mulheres soropositivas dos quatro estados do sudeste participaram entre os dias 21 e 24 de setembro, em Atibaia.

Os principais pontos exigidos foram a criação de uma portaria sobre reprodução humana assistida, a garantia da implantação e implementação da portaria da lipodistrofia No. 02//2007, a contratação via concurso público de uma equipe multidisciplinar nos serviços de saúde e a garantia do acesso à profilaxia pós-exposição ao HIV para as mulheres vítimas de violência sexual.

A permanência dos serviços especializados (SAE) também foi exigida, uma vez que as ativistas acreditam que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) não se encontram preparadas para a oferta de atenção integral necessária a assistência e prevenção das pessoas vivendo com HIV/aids.

“A aids não é uma doença crônica que dá para ser jogada na rede básica”, afirmou Nair Brito, uma das coordenadoras no Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP+). “A região sudeste está em um cenário grave diante da epidemia”, completa.

Também foi proposta a criação de cinco grupos de trabalho (GTs) para abordarem os temas lipodistrofia, violência, reprodução humana assistida, efeitos adversos e deficiência física.

“Não podemos reduzir a vida de uma pessoas com HIV apenas a aids. A violência e a saúde sexual também são parte da vida destas pessoas”, afirmou Jacqueline Côrtes, do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (Unaids).

Quanto à questão relativa à violência contra as mulheres, a representante da Secretaria de Política para as Mulheres (SPDM), Gláucia de Souza, afirmou que as cidadãs devem procurar conhecer melhor as redes de serviços que defendem os seus direitos. “Acredito que o Conselho Nacional do Direito das Mulheres também deve absorver melhor a demanda de saúde da mulher e das mulheres que vivem com HIV”, completou.

A representante de Eduardo Barbosa, diretor adjunto do Programa de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Elisiane Pasino, e Paula Souza, do Programa Estadual de DST/Aids do Estado de São Paulo, afirmaram que preservativos femininos começaram a ser distribuídos gratuitamente nos estados.

Ao final da reunião, várias mulheres expressaram sua indignação pela ausência de outros representantes do governo no evento, mas também se mostraram com esperança de que as exigências feitas sejam atendidas.

Os documentos foram entregues aos representantes do estado de São Paulo e do governo federal, únicos presentes na reunião. Os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo não tiverem representantes governamentais no encontro.

Saber para Reagir em Língua portuguesa

O projeto “Saber para Reagir em Língua Portuguesa” é realizado pelo MNCP, em parceria com agências das Nações Unidas, com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe – com o principal objetivo de fortalecer as capacidades de atuação de mais de 160 mulheres líderes nesses seis países para firmarem compromissos junto ao poder público, além de incentivar o intercâmbio de informações entre elas.
O evento em Atibaia também contou com o apoio da Coordenação Estadual de DST/Aids/HV de São Paulo – SES/SP.

Fonte: Agência de Notícias da AIDS